quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Carta Pública ao Papa Francisco:uma Assembléia pela vida na Terra

Carta Pública ao Papa Francisco:uma Assembléia pela vida na Terra

25/09/2013
  
O Papa Francisco é atento aos sinais dos tempos e sabe reagir a eles seja com gestos inovadores seja com palavras que lhe  brotam do coração. Há uma urgência sentida por muitos cristãos e não cristãos: temos que nos preocupar com o futuro da vida, pois as bases que a sustentam estão sendo destruidas. Pede-se ao Papa que convoque, junto com outros lideres religiosos, uma Assembléia, uma espécie de Concilio Ecumênico para empenhar as Igrejas e religiões, a partir de sua reserva de espiritualidade e de valores morais, na defesa e promoção da vida, da Mãe Terra, dos ecossistemas e especialmente daquelas mais ameaçadas que são a dos pobres e marginalizados. Pedimos que mais e mais pessoas subscrevam esta carta  e a passem adiante para que ganhe força e peso e possa impressionar o Papa Francisco para que, iluminado pelo Espírito, tome este decisão. Não temos muito tempo. Lboff
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Caríssimo Papa Francisco,
Nós, cristãos abaixo-assinados, assim como pessoas de outras religiões e pessoas de boa vontade, lhe enviamos essa carta pública com um pedido muito especial. Gostaríamos de que o senhor convocasse um evento global, como uma Assembleia, para a defesa da vida na Terra.
Hoje a vida está ferida de morte pela fome (900 milhões de pessoas no mundo), pela sede (1,2 bilhões não tem água limpa para beber todos os dias e os 2,4 bilhões que não têm saneamento básico), pelas guerras, pela destruição do meio ambiente (solos, água, biodiversidade, ar) e, sobretudo, paira sobre a humanidade e todas as formas de vida a ameaça assombrosa das mudanças climáticas. Como diz o Documento de Aparecida, estamos atravessando não apenas uma época de mudanças, mas uma mudança de época (DAp 44). Uma sociedade consumista e predadora como a atual não é futuro para o conjunto da humanidade.
Quando Deus criou o mundo ele entregou a Terra aos homens e mulheres para que nós “a cultivássemos e guardássemos” (Gen. 2,15). Após o dilúvio, quando Noé saiu da Arca com seus familiares e todos os animais que nela estavam, Deus fez com eles uma aliança primordial, dizendo-lhe que “de minha parte, vou estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres vivos que estão convosco, aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos os animais da Terra que convosco saíram da arca (Gen. 9, 9-10). O próprio apóstolo Paulo nos diz que “também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção, em vista da liberdade que é a glória dos filhos de Deus” (Rom. 8, 21). Portanto, Deus ama tudo que criou e nos deu o mandamento de cuidar de sua criação.
Os povos tradicionais e originários e, ultimamente, os cientistas têm denunciado que todas as formas de vida correm risco na face da Terra. Porém, não existe uma resposta à altura do desafio desse momento da história por parte do mundo político e econômico. Como o Senhor já disse, não podemos aceitar passivamente a globalização da indiferença.
O Senhor tem autoridade moral e espiritual perante toda a humanidade para convocá-la a este urgente debate e ainda mais urgentes ações. Fazemos-lhe este pedido como uma forma de contribuir com a efetivação de seus gestos, os quais nos interpelam a uma postura de cuidado e proteção da vida ameaçada. Gestos estes expressos em sua ida a Lampedusa, na Jornada Mundial da Juventude no Brasil, a visita aos imigrantes na Itália, o jejum contra as guerras. Caso o Senhor convoque uma assembleia para defender a vida em sua plenitude, não só para ouvir os especialistas, mas também os povos originários impactados pela destruição de seu ambiente, os afetados e refugiados pelas mudanças climáticas, as vítimas da fome e da sede, certamente grande parte da humanidade atenderá de pronto a este pedido.
É o que nós abaixo-assinados também esperamos.Com respeito e um abraço fraterno, no espírito de São Francisco de Assis, em comunhão com todas as formas de vida e toda a humanidade, confirmamos nosso pedido.    
 Brasília-DF, 16 de setembro de 2013

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