quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Rio ocupa cracolância, mas corta verba para combate às drogas

Rio ocupa cracolância, mas corta verba para combate às drogas

Em dois anos, governo do estado reduziu quase à metade os recursos destinados a programas de prevenção e tratamento de dependentes químicos

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Agente municipal detém um usuário de crack em operação da Secretária Social do Rio de Janeiro
Agente municipal detém um usuário de crack em operação da Secretária Social do Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
 
 
O governo do estado do Rio trata o problema do crack com dois pesos e duas medidas. Por um lado, policiais ocupam a área onde se formou a maior cracolândia do estado, próxima das favelas de Manguinhos e Jacarezinho. A operação teve apoio até de blindados das forças armadas. Na outra ponta, o valor investido pelo governo do estado em programas contra as drogas ficou menor. Em 2011, o valor previsto para programas de prevenção, acompanhamento e tratamento de usuários de drogas foi de 35,5 milhões de reais. Em 2012, a previsão do orçamento caiu para 29 milhões de reais – 18% a menos.
 
 
Para 2013, a proposta enviada pelo governador Sérgio Cabral para aprovação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) é de 18,5 milhões de reais. Em dois anos, a redução chega a 48%. Ou seja, enquanto o crack se espalha e a polícia tenta desmanchar a cracolândia, o estado reduz à metade os recursos para combater o problema.
 
 
Como mostrou o site de VEJA na quarta-feira, o estado hoje não tem onde internar pacientes dependentes de drogas. As duas clínicas conveniadas que recebiam os pacientes interromperam o atendimento porque o contrato com o estado acabou em agosto e não foi renovado.
 
 
Só na capital, a Secretaria municipal de Assistência Social estima que são 3.000 os usuários de crack vagando pelas ruas. Nesta quinta-feira, a Secretaria Municipal de Assistência Social voltou a recolher usuários de crack: 31 adultos foram recolhidos em ruas de Madureira, na zona norte. Os adultos recolhidos são levados para triagem, têm a opção de ficar nos abrigos da Prefeitura e fazer tratamento ambulatorial nos Centros de Atenção psicossocial (CAPs).
 
 
A Secretaria Estadual de Planejamento não explicou o motivo da redução da previsão de orçamento. A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos divulgou nota informando que contratou três instituições para tratar dependentes de drogas. Os contratos começam a vigorar na próxima segunda-feira, dia 22.

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