Um vídeo de denúncia do mal uso de agrotóxicos levou um juiz a decretar a
prisão preventiva do Frei Gilvander Luiz Moreira, no município de Unaí, em Minas
Gerais. O Frei divulgou no Youtube um vídeo chamado “O feijão de Unaí está
envenenado?”, no qual denuncia o envenenamento pro meio de agrotóxicos do
produto da marca “Feijão Unaí”.
Após processo iniciado pela empresa, que alega ter sofrido danos morais e
difamação, o Frei poderá ser preso se não retirar o vídeo do ar. Moreira é
assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e militante dos direitos humanos.
Os diretores do Google e do Youtube também estão respondendo processo pela
veiculação do material.
O vídeo contém um depoimento de uma trabalhadora de uma escola municipal de
Arinos, cidade vizinha de Unaí. Ela relata que o feijão enviado para merenda
escolar apresentava sinais de veneno e tinha um mal cheiro insuportável. Segundo
ela, merendeiras chegaram a passar mal com o odor do produto.
A cidade de Unaí é a campeã nacional em casos de câncer. Segundo dados da
Comissão Parlamentar da Câmara Federal, a cidade tem 1260 casos de câncer por
ano. A média mundial não ultrapassa os 400 casos anuais para cada 100 mil
habitantes. Unaí também é campeão nacional em produção de feijão e no uso de
agrotóxicos.
Organizações emitem manifesto contra o decreto de prisão
preventiva
Um total de 84 pessoas e entidades assinaram uma carta de repúdio ao drecreto
da prisão do Frei Gilvander e ao uso de agrotóxicos. Dentre os assinantes estão
a Comissão dos Direitos Humanos da OAB/MG, o Movimento Nacional de Direitos
Humanos, o MST e a Comissão Pastoral da Terra de MG.
A nota considera a decisão judicial “injusta, ilegal e inadmissível”. Para as
organizações, o Frei colheu informações de usuários da marca Feijão e as
divulgou, usando do direito à livre manifestação e à informação.
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